COMO UM POLICIAL MILITAR QUASE ME FEZ SER A FAVOR DO ARMAMENTO EM MASSA


Durante muito tempo a questão do armamento em massa vem sendo discutida, inclusive no Brasil. O tema violência é sempre assunto muito discutido, mas, na maioria das vezes a gente tem uma visão um pouco limitada a respeito do tema, munidos de muito pouca informação.


Na segunda-feira (18) fui comer cachorro quente com uns amigos da faculdade, e lá conheci um policial militar que era amigo da minha amiga. O cara é muito inteligente, dotado de uma capacidade de raciocínio incrível. Começamos discutir diversos assuntos, daí a questão do armamento foi posto na mesa, de modo que o policial começou discorrer sobre violência e como o povo nos dias de hoje é refém de organizações criminosas. Ele frisou que em 2001 o governo do PT pediu que quem tivesse arma, levasse para entrega que o governo pagaria pela arma. Nas palavras dele, somente o cidadão de bem fez a entrega da sua arma, deixando os civis totalmente reféns de organizações criminosas. E aí ele me perguntou: Porque você é contra o desarmamento?


Eu respondi que eu era sim, contra o armamento. Sou contra porque eu acredito fortemente que violência gera violência. Aliás, citei para ele um dos livros mais lindos que eu já li, que é “os anjos bons da nossa natureza” do Steven Pinker, professor da Universidade Harvard. O livro é quase um tratado sobre a violência, com 1088 páginas! O livro faz uma análise histórica sobre a violência desde o início da humanidade, quando a população mundial era de apenas 4 pessoas (segundo a bíblia) até os dias de hoje. Com estatísticas Pinker mostra que a violência global, de modo geral, vem de fato diminuindo década após década. E a queda da violência não é porque o mundo está mais armado, pelo contrário.


Citei também para o PM um conservador que eu gosto muito, que é o Thomas Hobbes. Hobbes imaginou um estado de natureza onde não existisse estado, um governo, isto é, mundo quase anárquico. Esse estado de natureza sem um governo não é difícil de imaginar. Seria um mundo sem ordem, um caos completo. Para exemplificar esse estado de natureza eu disse para o PM que se ele tivesse uma plantação de milho, e desse uma praga na plantação dele e ele perdesse tudo, obviamente para não passar fome ele ia roubar meu milho com uma arma. Só que enquanto ele estivesse se organizando para me atacar, eu atacaria primeiro com minha arma. Eu anteciparia o ataque atacando primeiro. Ou seja, um verdadeiro caos! Nas palavras do próprio Hobbes, uma guerra de todos contra todos.


Mas como é que acaba com essa guerra de todos contra todos? Criando um Leviatã, um estado forte capaz de garantir a segurança. Simples assim… 


Funciona assim: Para não ter que nos preocupar com nossos vizinhos, nós vamos abrir mão de um pedaço da nossa liberdade, por uma liberdade maior. Em outras palavras, a gente abre mão de fazer justiça com as próprias mãos para deixar o estado fazer justiça e garantir a segurança.. Foi assim que surgiu o estado, para garantir segurança! Se é preciso eu me armar para me defender, então o estado (nesse caso, a própria polícia) está falhando na sua principal função, que é garantir a segurança.


Aí você pode escutar coisas do tipo, “e tu acha que a polícia tem que fazer o que com bandidos para garantir a segurança?” Meu amigo, eu não sei! Se essa fosse minha preocupação, então os policiais não deveriam mesmo existir. Afinal de contas, eu abri mão de um pedaço da minha liberdade para que vocês pudessem resolver esse conflito.



Professor: Ricardo Bezerra


Comentários

Gabriela disse…
Texto incrível. Palavras cirúrgicas. Parabéns!

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